domingo, 30 de outubro de 2011

saroH

(...) Interminável e efêmero olhar, me fazendo feliz para sempre em eternidades de dois segundos. Me tocava como se nossos corpos estivessem prestes, o olhar. De forma que, às três rosas da tarde, pareciam as horas floridas para sempre. Dava o relógio inregulares e infindas voltas recobrindo o universo com suas rosas. Cores que chegam sem avisar, que passam sem perceber. No intervalo de olhos que se batem cabem as matizes das horas passadas e de outras que ainda virão.
Quero todas as suas cores nos mais esquecidos tons.

Matheus

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

O Pintor

Na casa onde eu moro tem uma janela e uma poltrona. A janela da casa é uma moldura para o céu, que pinta há sei lá quantos milhões de anos um quadro diferente por dia. Eu sou fã das obras do céu. Pinta ao vivo e sem descanso, de graça e sequer cobra direitos autorais. O céu é o maior artista que eu conheço, em todos os sentidos.
Eu disse que tenho uma poltrona porque sua relação com a janela é das mais gostosas. Dá um ângulo pelo qual se vê mais céu e árvore que prédios e fios. A arte do homem aqui é antagonista à do céu. Exceto pelas vezes que o homem resolve criar janelas. Adoraria uma janela maior, mas dá pra ser feliz com essa daqui.
Aqui deitado na sala, observando as pinturas ao vivo do meu artista favorito, eu tenho a deliciosa sensação de não precisar de mais nada. Colocaria uma música, mas respeito o trabalho dos pássaros. Pra uma cidade de mais de 500 mil humanos, até que eles fazem mais barulho que o comum na minha casa. Quase não ouço os longínquos motores. Acho motores um desacato aos ouvidos.
Agora o céu desenhou um sujeito parecido com papai noel, só a cabeça, gorro e barba. Será que alguém mais percebeu?
Quando falam mal do seu trabalho, o céu costuma chorar, o que molha todo mundo. Quando o céu entra em depressão, uma galera pode ficar sem casa. É a natureza cobrando as contas do dito progresso. Talvez para as pessoas erradas. Cobrar de quem não tem não parece justo. Mas o céu contiua fazendo o seu trabalho artístico pra quem tem e pra quem deve.
Penso que o céu deve ter um bom patrocinador de tintas azuis.
Acenderam as luzes amarelas da rua, o dia está chegando ao fim. O céu tomou um ar triste.
Mas hoje não vai chover.

Matheus Marins
24/10/11

domingo, 16 de outubro de 2011

Improváveis


Se temos para dois tanto e tão pouco tempo, que dos beijos percamos a conta. Que não baste o ar que falta, nem a confissão desengasgada correndo pelo ouvido. Tampouco bastem os segredos desvelados no relance de olhares ébrios. Que cada gesto carregue a intensidade de uma despedida, tendo ainda acesa a imprevisão de uma estreia.
E façamos florir o que de mais bonito houver nesse campo onde as coisas carecem de nomes, mas transbordam de significados. Que atravessemos confundindo as pernas o nosso tempo de madrugadas e risos frouxos. Com o infinito no olhar efêmero, que sejamos justos com a nossa ventura. É o melhor que podemos fazer.

Matheus