segunda-feira, 28 de junho de 2010

Despedaço

Como faço para você deixar essa ideia de ir embora sem ter nem chegado, de se aproximar mas ficar flutuante entre a superfície e o fundo? Nem na borda e nem entregue. Segura numa sobriedade inentendível, questionando em silêncio a veracidade de meu anseio e me fazendo duvidar de seus desejos em meio a tanto barulho. Eu diria que, se você mergulhar agora mais fundo que se pensava capaz, encontrará lá, derramada no abismo do encontro iminente, a minha alma. Aí então bastará achar a outra parte de mim. Não é você. É o meu corpo, que se perdeu por aí em suas andanças sem encontrar o que queria.

Matheus Marins Alvares – 28/06/10

domingo, 27 de junho de 2010

Um momento

eu não disse que queria estar assim, nem que estaria sendo se fosse um outro dia, mas acaba que o relógio se cansa e pára de tocar o ponteiro, um momentinho, para assistir a esses instantes com calma, sem aquela pressa de levar tudo ao fim. tic...
fazendo-os enternos até o próximo momento. Tac. passou.

Matheus Marins Alvares - 27/06/2010, às 21h59

Tempo, duração, período, decurso, transcurso, prazo, fase, intervalo,...
"Tenho trabalhado tanto, mas penso sempre em você (.). Se não dormisse cedo nem estivesse quase sempre cansado, acho que esses pensamentos quase doeriam e fariam clack! de madrugada e eu me veria catando cacos de vidro entre os lençóis."

Caio Fernando Abreu
"O reconhecimento ao esforço do derrotado é uma aula para a vida, afinal, só os super heróis da ficção vencem todos os dias. Nós, humanos, somos frágeis e reféns dos nossos limites, de vitórias e derrotas. Quando essa fragilidade ganha aplausos ao invés de vaias ou pancadaria, é um passo adiante para a humanidade."
Autor desconhecido

sexta-feira, 25 de junho de 2010

"Se tiver aprendido lições (amor é pedagógico?), até aproveito e não faço tanta besteira. Mas acho que amor não é cursinho pré-vestibular. Ninguém encontra seu nome no listão dos aprovados. A gente só fica assim. Parado olhando a medida do Bonfim no pulso esquerdo, lado do coração e pensando, pois é."

Caio Fernando Abreu na revista Around, por volta de 1985.

domingo, 20 de junho de 2010




Partiu mas esqueceu aqui sua ausência,
empertigada em meus braços desarranjados.
Ausência que só você pode roubar dos meus vícios imateriais,
Premiando-os em troca com vossa materialidade viciante.


Matheus Marins Alvares - 21/06/2010
E eu acabo ficando viciado nesse negócio...

Esses dois...

"Oi, deixe seu recado. Beijo, Amanda."
Assim, da primeira palavra à derradeira, meus versos ensaiados perderam a ordem de saltar da boca para a nossa conversa.
Quiçá eu estivesse surdo e houvesse adivinhado todo o seu repertório com a perícia de um investigador.
Ou talvez ficado cego e, tentando decifrar a cena, nem me desse conta de que você estava ao meu lado, balbuciando nas entrevozes algo que eu lia em braile. Isso não podia ser.
Instigado, fico atento ao estridor do telefone. Era a minha vez de deixar o recado. Apenas disse: "Que difícil, boa viagem."

Matheus Marins Alvares - 20/06/2010

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Acontece...


Tempo pro computador se recuperar dessa virose...

Please Wait...

I'll be back.

domingo, 6 de junho de 2010

Três Músicas

A primeira nota vem do piano de Chopin. Naquela sequência embalada, o de camisa verde se desprende do resto e termina de engolir seu doce. Sente um bem-estar danado, a luz no ambiente é opaca, mas ele vê cores mais brilhantes, muito brilhantes. E pensa que Chopin possuía quinze dedos em casa mão. Extasiado, encontra um coelho branco brincando com as cores no meio da sala.

Mal o pianista termina suas notas, entornam na sala acordes de Just Like Heaven. E o de vermelho se destacou e jorrou pela veia um bocado de heroína. Euforia, calor e conforto o fazem mesmo se sentir Just Like Heaven. O mundo pende por um fio no qual ele dança, sapateia, salta e urra aquilo que lhe apraz aos três ventos que saem do ventilador. O que vem depois não importa, pensa.

O que vem depois é a poesia nos versos de Arnaldo Antunes. É quando o cara de azul se solta para embeber mais um pouco de benzina no pano e sorver outro vale milhas e milhas de viagem de três minutos, é para onde? Paris? Acapulco? Novo México? Marte? Lua? Sol? Sala de estar. Está consumado.

Acaba a última música da playlist, fim. E eu, o de branco, lembro-me que sou a soma daqueles três. Não percebi em quantas partes me despedacei e quantas colorações deixaram escapar entre cada viagem. Sei que restou apenas a mistura de três cores primárias no que era tanta, tanta vida que dava inveja ao arco-íris.

E o de verde está paquerando uma pedra de crack. A vida se esvai contraditoriamente. Minha camisa vai ficando lilás.

Matheus Marins Alvares - 06/06/10

sábado, 5 de junho de 2010

Futuro do Presente

Quando se encontraram, todas as palavras já haviam sido ditas.
O olhar dela penetrou nos olhos dele, passeou, escorreu para a boca, a qual mirou enquanto se achegava.
E a distância diminuía fisicamente, porque em pensamento os dois se faziam um só havia tempos.
E ele caminhava firme em sua direção, aflito, sem saber se ria, se corria para ela como fariam nos filmes ou se deixava a lágrima cair do canto do olho.
E ao ficarem tão próximos, a mão dela não tocou primeiro o braço dele, as cinturas não se achegaram antes que o resto e nem foi uma testa que tocou a outra por antecipação. Ambos e todas as partes do corpo de cada um se conectaram de imediato. E ficaram assim grudados, houve como que uma descarga elétrica que acendeu tanto o brilho nos olhos dela que na atmosfera desses dois a sua luz era mais ofuscante que o sol. Entretanto ele não podia deixar de mirar, seus olhos lacrimejavam e os dois não se controlaram: dois lábios se juntaram e os corpos se encaixavam congruentes. O beijo durou não se sabe se uma semana, um dia, uma hora ou um minuto, mas foi tempo o bastante para traduzir toda a espera pelo acontecido.
Ele avançava nela tal qual um bicho faminto devora sua fruta predileta. E ficava tão bêbado de seu perfume, seu toque, sua saliva, que mesmo tendo calculado todos os gestos anteriormente, às vezes ficava sem ação. Errava na conta, perdia a pose e trôpego ia se ajeitando entre os braços da amada. Inflamaram todo o desejo no melhor beijo que cada um pôde dar. Daqueles que ficam reservados desde sempre, mas a gente nem se dá conta e solta assim sem perceber.
E eles patinaram pelas ruas da cidade que tinha toda sua cor naquele casal. Os transeuntes não compreendiam o que se passava, e os dois subiram deslizando pela parede feito loucos, nas escadas de uma casa, um hotel ou um prédio bem alto.
E o quarto ao qual chegaram ficava tonto de tanta graça, se desequilibrava e jogava os dois para um lado e para o outro. Sem cerimônia ou disfarce, os toques eram sutis porém intensos, na cadência incerta de quem andou muito tempo perdido e agora parece se encontrar aos tantos.
E ele vai escrever nela a glória dos dias mais quistos de duas vidas.
Ela, com seu fogo deixará marcada nele a realidade do sonhado encontro das duas vidas.
Numa outra atmosfera descobre-se finalmente que ela é o sol e ele o planetinha girando tonto em sua órbita, se aproximando a cada volta e brincando com o fogo.
E os acontecimentos subsequentes não cabem em palavras para entrar no relato.

Matheus Marins Alvares - 04/06/2010

*Texto em revisão

quinta-feira, 3 de junho de 2010

moça bonita

De quem é essa prosa leve
de quem deseja bom dia
pede boa noite enquanto se despede

quem é essa moça
sorriso bonito
olhos alegres

mora tão longe
tão perto
do meu coração

Matheus Marins - 03/06/2010

terça-feira, 1 de junho de 2010

Dia de fúria



Queria postar todo dia aqui.
Chegar, sentar na frente do computador e puft! Ter uma história na mão.
Esses computadores que eu passo o dia encarando... gostam mesmo é de dificultar.
Moderno é lápis no papel.
Não precisa apertar botão, só se for lapiseira.
Mas aí não tem que esperar sistema carregar, apertar o F1, aguardar, escutá-lo reclamar da memória ram, não precisa ignorar aquela orquestra toda em desacordo...
No máximo trocar o grafite e desentopir o bico.

Grafite vai pra copa?
E a CPU vai pela janela, já já.

Dia de branco amanhã, hora de dormir.
...hoje tô tão antigo...

Matheus Marins - 01/06/2010

Da gaveta

Quando me perguntar qual é o sentido

Direi que todos os sentidos podem fazer algum

Porque quando meus sentidos aceleram, é você

O fim que se quer justificar, é você

E se esse fim for mesmo justo, será você comigo

Pois, justiça seja feita, o sentido pro meu mundo

É girar em sua órbita

Todas essas frases se direcionam a uma pessoa só

A segunda pessoa do singular.

Singular é o que sinto por você, que sei que ninguém mais sente como sinto

Ninguém me vê como te permito me ver

Singelo.

Quem reclamar que não falei amor

Entrou em desconchavo.

Não entendeu a relação

Com determinada cumplicidade

Essa palavra está nas entrelinhas

Está nas linhas de minhas mãos

Não sabe que seria redundância eu conjugar você com amor em mesmo lugar

Já que toda a conjugação do verbo que aqui faço é indireto para você

Perda de sentido é quando te vejo, mas não a ouço

Leio-te, mas não podes me ver

Ou te vejo, ouço, cheiro mas não posso tocar


Será que senti mesmo alguma coisa?



Matheus Marins Alvares - Vá saber de quando!