sábado, 17 de novembro de 2012

Canção triste para um asteróide

éramos dois corações tao danificados e desabitados apenas procurando um abrigo, sem saber o que buscávamos. E o vazio parecia exposto em apenas 5 minutos do seu silêncio. Andando pela cidade sem que nos movêssemos.
- o que você costuma fazer por aqui?
- eu vivo em um sonho do qual nao consigo despertar.

domingo, 11 de novembro de 2012

de conversa

...
- O homem nao conhece nem a si mesmo por completo, como é que vai querer conhecer e saber de todo o universo e o mundo?
- Sao ambas as coisas infinitas.
- Mas nós teremos um fim.
- Infinitas quanto à profundidade. Existem tantas nuanças, becos, coisas crescendo e morrendo o tempo todo aqui dentro. Quem sabe o que poderiam revelar os 90% do que há em nós que estao ignorados? Não quis falar da duração. Estamos aqui por pouco tempo. Embora nossas energias estejam conectadas com tudo.
- E daqui, para onde vamos?
- Na real pouco importa. Nao conhecemos nem tudo o que há aqui, para que vamos querer ver de antecipação o que vem depois (se é que vem)?
- Nós nunca conheceremos tudo o que há, nem nunca veremos a todas as coisas. E é justamente essa a melhor parte - a eterna busca, o descobrimento infindo.
...

sábado, 3 de novembro de 2012

Aventura na Casa Atarracada

Movido contraditoriamente 
por desejo e ironia 
não disse mas soltou, 
numa noite fria, 
aparentemente desalmado
- Te pego lá na esquina, 
na palpitação da jugular
com soro de verdade e meia, bem na veia, e cimento armado 
para o primeiro a andar.

Ao que ela teria contestado, não, 
desconversado, na beira do andaime 
ainda a descoberto: - Eu também, 
preciso de alguém que só me ame. 

Pura preguiça, não se movia nem um passo. 
Bem se sabe que ali ela não presta. 
E ficaram assim, por mais de hora, 
a tomar chá, quase na borda, 
olhos nos olhos, e quase testa a testa.

Ana Cristina César