domingo, 20 de novembro de 2011

Nada por mim


Acostumei-me ao teu corpo como por sobrevivência se adapta um bicho a um novo habitat e, por assim dizer, acabei tomando gosto pelo seu território. Primeiro procurei por instinto, a sabor ou dissabor, a qualquer custo suprir-te do que querias de mim. Só por fazê-la satisfeita assim, a troco de teu sorriso – em segredo: só o que eu queria.
Depois, pelos termos do nosso amor didático, comecei a suspeitar as maneiras de te saborear. Como se eu bicho aprendesse a comê-la feito fruta inédita. Estreando pela insípida casca e insistentemente passando a um curioso bagaço onde você me guiava para o seu íntimo. Daí finalmente, conduzido pelos seus calores, desvendava cada vez melhor o jeito certo de te provar. Na minha irracional sede, te devorava a polpa e engolia sorridente o caroço até que você pedisse trégua. Foram assim noites, intervalos, horários de almoço a te tomar enquanto eu passava de bicho a humano e então a dependente.
Apaixonei-me não só pelo sorriso, mas pelos caminhos para fazê-la sorrir. Mantendo o segredo, fiz da sua delícia o meu motivo – afinal, o que é melhor que ver a pessoa amada feliz?.
Não custou até que eu compreendesse o meu papel ao pé da cama. Até você me sorrir com o sorriso que eu te ensinara a sorrir e me propor que a deixasse em paz.
- Não faça assim.

Matheus

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Ainda é tarde

musga
Ela falou você tem medo
Aí eu disse quem tem medo é você.
Quem tinha medo era eu.

cedo, cedo, cedo, cedo,
tarde.