"Oi, deixe seu recado. Beijo, Amanda."
Assim, da primeira palavra à derradeira, meus versos ensaiados perderam a ordem de saltar da boca para a nossa conversa.
Quiçá eu estivesse surdo e houvesse adivinhado todo o seu repertório com a perícia de um investigador.
Ou talvez ficado cego e, tentando decifrar a cena, nem me desse conta de que você estava ao meu lado, balbuciando nas entrevozes algo que eu lia em braile. Isso não podia ser.
Instigado, fico atento ao estridor do telefone. Era a minha vez de deixar o recado. Apenas disse: "Que difícil, boa viagem."
Matheus Marins Alvares - 20/06/2010
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