ouvir
o vir
da nu-
vem:
serena sereia
uivando ao vento:
anunciante do alto mar aporta
a cidade, convida ao lindo naufrágio
quem quer que perceba.
quem quer que perceba.
mas aqui não há quem note:
o horário encolheu
o whatsapp vibra no bolso
o facebook urge
o trânsito abafa seu canto
o trabalho suga suas horas
se acaba a bateria
é preciso chegar em casa
e a rota é uma só,
cumprida quase sem perceber,
a sereia nao vai mudar.
ela canta, canta nua
sobre sua nuvem
negra
derruba uma,
duas, três
árvores e postes
até acabar com a luz.
fico a
olhar o
molhar da
mulher
d’água.
Matheus Marins
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