quarta-feira, 30 de dezembro de 2015
onde nasce a inspiração
...E despertou-lhe um sorriso que acordou músculos que beiravam um quarto de século em sono profundo...
quarta-feira, 9 de dezembro de 2015
Cafuné
Flutuo por vagas horas,
cerúleo no marejar dos seus dias.
Amante dos mares, foi no varrer dos meus remos
que desaguei nos seus braços.
Me pegou pela mão, alto-mar
me pegou pelo pé,
deixou vestígios azul-turquesa;
Me trouxe na cama café, alto-mar
me deixou acordado
até de manhã.
Mergulhador de suas horas,
anoiteço com fogo
pra te acalentar, alto-mar.
Dada a sorte do marejar dos nossos dias,
te fiz Netuno, alto-mar
te declamei capitã
do meu navio pirata.
Traga a lua, meia-luz inteira,
ventura marítima aos que navegam
e a luz coada das estrelas,
fino prumo a desatinos tão belos.
Da pacatez do meu barquejo,
com amor pra navegar:
cerúleo no marejar dos seus dias.
Amante dos mares, foi no varrer dos meus remos
que desaguei nos seus braços.
Me pegou pela mão, alto-mar
me pegou pelo pé,
deixou vestígios azul-turquesa;
Me trouxe na cama café, alto-mar
me deixou acordado
até de manhã.
Mergulhador de suas horas,
anoiteço com fogo
pra te acalentar, alto-mar.
Dada a sorte do marejar dos nossos dias,
te fiz Netuno, alto-mar
te declamei capitã
do meu navio pirata.
Traga a lua, meia-luz inteira,
ventura marítima aos que navegam
e a luz coada das estrelas,
fino prumo a desatinos tão belos.
Da pacatez do meu barquejo,
com amor pra navegar:
Matheus Marins, em 09/12/2015
quarta-feira, 2 de dezembro de 2015
Onde eu parei?
Hiato sem sílaba.
Uma vogal me puxa pela perna de noite na pista e dança
- Não vai me ligar?
Desengasga um verbo.
E volta a mexer o celular só pelo bloco de notas.
Se preocupa em se despreocupar
se os outros vão gostar, é problema dos outros
é problema seu o que você vai colocar pra fora.
é problema seu o que você vai colocar pra dentro.
o que você colocar pra fora é problema do que você colocar pra dentro.
é salutar, me disseram, se alimentar não só de alimentos bons, mas sentimentos também.
evitar indigestos pra si, pra outrem.
pra ontem o que é de ontem.
=)
----
Estive há alguns meses sem postar aqui no blog - sem sequer escrever. Deixar a escrita de lado foi um trabalho árduo. Nos primeiros meses, não teve sequer um dia em que eu não lembrasse, não sentisse falta e, findo o expediente de coisas quaisqueres que eu fazia, não me sentisse irrealizado por não haver impresso minhas ideias, visões e sensibilidades cotidianas em letras ou formas.
Aos poucos, bem aos poucos, fui aceitando meu tempo. E conforme mais aceitava, mais ia sentindo que eu poderia até ficar bem efetuando outras funções (no caso, música, produção cultural), mas nada se compara à graça da expressão escrita. Tenho experimentado a pintura (menos do que eu gostaria) e tenho encontrado nela muito interesse também. Quem sabe um dia eu mude de ideia quanto à escrita, mas enquanto é isso, escrever pra mim nunca será uma opção. Sigo catoblepas.
O dicionário online e o endereço do blog saíram da memória do navegador.
E depois de mergulhos outros, volto sem saber onde parei, e sem ver-me perdido. Como se estivesse ficado fora por uma semana. Posso começar daqui um ponto novo. E começar outro. E outro.
Matheus Marins
Uma vogal me puxa pela perna de noite na pista e dança
- Não vai me ligar?
Desengasga um verbo.
E volta a mexer o celular só pelo bloco de notas.
Se preocupa em se despreocupar
se os outros vão gostar, é problema dos outros
é problema seu o que você vai colocar pra fora.
é problema seu o que você vai colocar pra dentro.
o que você colocar pra fora é problema do que você colocar pra dentro.
é salutar, me disseram, se alimentar não só de alimentos bons, mas sentimentos também.
evitar indigestos pra si, pra outrem.
pra ontem o que é de ontem.
=)
----
Estive há alguns meses sem postar aqui no blog - sem sequer escrever. Deixar a escrita de lado foi um trabalho árduo. Nos primeiros meses, não teve sequer um dia em que eu não lembrasse, não sentisse falta e, findo o expediente de coisas quaisqueres que eu fazia, não me sentisse irrealizado por não haver impresso minhas ideias, visões e sensibilidades cotidianas em letras ou formas.
Aos poucos, bem aos poucos, fui aceitando meu tempo. E conforme mais aceitava, mais ia sentindo que eu poderia até ficar bem efetuando outras funções (no caso, música, produção cultural), mas nada se compara à graça da expressão escrita. Tenho experimentado a pintura (menos do que eu gostaria) e tenho encontrado nela muito interesse também. Quem sabe um dia eu mude de ideia quanto à escrita, mas enquanto é isso, escrever pra mim nunca será uma opção. Sigo catoblepas.
O dicionário online e o endereço do blog saíram da memória do navegador.
E depois de mergulhos outros, volto sem saber onde parei, e sem ver-me perdido. Como se estivesse ficado fora por uma semana. Posso começar daqui um ponto novo. E começar outro. E outro.
Matheus Marins
quarta-feira, 27 de maio de 2015
O homem das horas
Sem esforço nem desejo, subia-lhe aos olhos um calor veranil, fatura de memórias com energia demais. Eram de chuva, de preguiça, de estrada e de tédio. Tédio bom, onde já se viu? Ele viu. Foi feliz quem já viu. O calor de lembrá-lo era tal que seus olhos suavam. Suavam um suor sem querer suar de novo.
E cada gota desse suor caía como caísse ele e suas horas inteiras. O relógio parava pra ver e cada segundo que deixava de passar era arrecadado pela garganta embolada com tanto tempo seco pra contar.
Como se os olhos estivessem magoados por não vê-la num domingo vazio.
Matheus Marins,
março 2015
E cada gota desse suor caía como caísse ele e suas horas inteiras. O relógio parava pra ver e cada segundo que deixava de passar era arrecadado pela garganta embolada com tanto tempo seco pra contar.
Como se os olhos estivessem magoados por não vê-la num domingo vazio.
Matheus Marins,
março 2015
quinta-feira, 26 de março de 2015
da janela #5:
. o vento
Corre o vento
lento pra mostrar
que come o tempo sem pressa
as ambições que o homem
engole sem mastigar
quarta-feira, 25 de março de 2015
-
O espelho da
transpiração do seu olhar
reflete a vida irremediável
que faz parar respiro,
feito avesso de vida,
para voltar mais vida
seu olhar,
gota d'água sem fundo,
fura o caminho encontrado
por dentro da pedra
rota de fuga
para rotinas
perdidas
no meio do caminho,
viajantes olhos,
olhos, de outras paisagens
vigilantes doutores
de mal contados
amores
generosos operários
de mal pagos
salários
olhos, destemidos
num silencio
de caducar a morte
incluso dos mortos
levemente risonhos
porque viram bastante
para acumular
sabedoria de recriança
seu olhar,
terremoto cardíaco,
já visitou os quatro pontos cardeais
e, do Nordeste,
aponta mineira verdade
se o mundo
coubesse nos olhos seus,
penso, em aéreos planos,
que a família Neves, de política,
não passaria do Tancredo.
14/10/14
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