(...)vê água do mar refletindo amarelo pela
luz do sol nos prédios naquele quase final de tarde. Uma vista me
curando a retina de outras bobagens que eu só queria esquecer. Águas
dançando ante montanhas tão serenas quanto tristes por paradas há
sei lá quanto tempo ali. Corpos tomando banho de mar e de sol,
correndo e voltando, como as ondas, de lugar algum.
Apenas mirando o fluxo da paisagem e do
tempo a tornar tão efêmeros todos nós. Todos nós não mais que
passageiros, não menos que agentes influindo e sofrendo influências,
construindo aparências e reformando essências. Fazendo fotografias
pra lembrar o que já vai passando, conversando pra passar o tempo,
correndo pra estar em forma, às vésperas de qualquer coisa. Às
minhas costas corre a cidade dentro de metais e rodeada por concreto.
Mas vendo o mar a gente quase que contraditóriamente lembra do chão,
dos pés que são dois e de como é bom apenas pôr um depois do
outro. Vê um horizonte ainda não verticalizado e sabe que pra voar
basta errar o chão. Lembra da preguiça, de como ela é valiosa e
até necessária em pequenas doses nos dias de hoje.
Eu