Ato contínuo ao de acordar é esfarrapar sonhos em busca de sabores do que se vivia há instantes atrás. Até que se acha um gostinho, mas o terreno dos sonhos costuma empoeirar num instante... devaneios moleques, se desfazem, se refazem, repensam, desconstróem, criam, quebram, misturam... sem precisar de explicar. É preciso ser sagaz logo cedo se quiser saber da história mais ou menos certa.
O que fascina mais é que quando acordo de um sonho me vejo contando uma história pra mim outra vez... e de vez em quando conto tão bem que até me engano em onde o conto foi de pegar e onde foi de fantasiar.
Porém, o que perturba mais é quando esqueço do que me contei - sempre esqueço, pelo menos a maior parte - e não tenho mais pra quem perguntar, porque eu esqueci.
Dos sonhos, não costumo lembrar muito das cores, nem das falas. O enredo é vacilante... mas algumas partes sempre ficam marcadas. Exemplo: geralmente não esqueço dos sorrisos. São importantes ali. Não só ali! Algumas bocas, quando riem, podem até reverter pesadelo em sonho.
É bom que posso carregar comigo estes risos todos.
Acho bonito de morrer.
Vamos viver este mundo!