segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Morena Sem Nome

Veja a morena, beleza de se admirar.
Esbelta, elegante, olhos azuis combinando com o mar.
A tristeza em seu rosto anuncia
O seu programa para o fim da tarde, quando surge a lua.

Ah, ela faz a alegria do porto.
Anda rebolando com simplicidade
Simples assim, fica com qualquer garoto,
Só por necessidade.

O seu problema não é solidão
Talvez seja falta de paixão
Já que tanto lhe maltratam sem compaixão
Ela faz de tudo, só por um tostão (Quem dá mais? Quem dá mais?)

Roda sua bolsa no posto
Rola com qualquer moço
É contra sua vontade
Ser humilhada assim sem piedade

Quem lhe dera o cafetão escutar sua vontade
Antes de jogar-lhe num caminhão para fazerem-lhe toda a maldade.
É a sua profissão. (Quem dá mais? Quem dá mais?)

Quisera seu coração poder bater com tranquilidade e paz
Vendo seu corpo ser para um só rapaz
Essa não foi sua sina
Deus não atendeu ao seu pedido
Então toda noite vem o diabo e a ilumina.

Sob a luz vermelha
Ela encanta Emanuel, Miguel, Rafael.
Mãe de três filhas
Que não sabe se são de Gabriel, Jesiel ou Daniel.

Ela ainda sonha com um amor de verdade
Entre as amigas de trabalho, seu sonho é piada
Sabe que o seu trabalho não tem a menor dignidade
Toda noite, a chamam de safada, cachorra, mal criada.

Vende seu corpo pro Brasil
Por esse destino, jamais pediu.
Mas a pátria mãe gentil
A fez crescer longe de onde se divertem o Sílvio Santos e Raul Gil.

Ela sofre de carência
Carência capital
Tem que fazer tudo no esquema
Para conquistar qualquer real. (Quem dá mais? Quem dá mais?)

A morena é quem dá mais
Dá calor, vende amor, morre por dentro
Esquece seu sentimento
Ignora seu desalento quando deita na cama para não descansar.


Matheus Marins Alvares